Levantamento aponta os alimentos mais contaminados com agrotóxicos no Brasil
Atualmente, o Brasil conta com mais de 3 mil agrotóxicos registrados para uso em território nacional – sendo que 49% deste total são considerados altamente perigosos à saúde. Ainda assim, a discussão sobre as consequências do consumo dessas substâncias não afeta seu uso (que dobrou entre os anos de 2010 e 2021).
Unindo diversos estudos sobre o tema, o Atlas do Agrotóxico foi publicado no final de 2023. O documento busca alertar autoridades e a população sobre os perigos da manutenção da agricultura como ela é hoje no Brasil.
De acordo com o documento, “o Brasil é um exemplo de falta de regulamentação eficiente que impõe à população teores máximos de resíduos em alimentos”. Em geral, a Anvisa estabelece os Limites Máximos de Resíduos (LMR). Porém, ainda são muito superiores aos da União Europeia, que tem buscado medidas para controlar o uso dos pesticidas.
Por isso, alguns alimentos disponíveis no mercado brasileiro possuem níveis de resíduos duas ou três vezes maiores do que os limites máximos dos países da organização. Em alguns casos, a quantidade nos produtos do Brasil excede centenas de vezes os níveis estabelecidos pela UE.
Mesmo com alta tolerância no uso de agrotóxicos em terras brasileiras, o monitoramento de resíduos em alimentos, feito em 2019 pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), da Anvisa, indica que 23% das amostras ainda excedem os parâmetros legais.
Entre os alimentos mais contaminados estão itens muito presentes no cotidiano de alimentação do brasileiro, como o arroz, alho e a laranja. Também entram no ranking a uva, a beterraba, a manga, o abacaxi, o chuchu e a batata doce. Quem lidera a lista como alimento mais contaminado é o pimentão, seguido da goiaba, da cenoura, do tomate e da alface.
O relatório também evidencia como o uso excessivo de agrotóxicos influencia a alimentação mundial, uma vez que o Brasil exporta matéria prima para outros países, como os da Europa.