O ex-comandante do Exército Freire Gomes afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira apresentaram a ele duas versões da ‘minuta do golpe’ e avisaram que aquilo seria implementado.
A informação foi divulgada pela jornalista Miriam Leitão, do jornal “O Globo”. Os investigadores, segundo a reportagem, consideraram o depoimento “consistente” e “revelador”.
O depoimento de quase oito horas ocorreu na última sexta-feira (1). Foi realizado no âmbito do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito democraticamente em 2022.
O general da reserva estava à frente do Exército durante o final do mandato de Bolsonaro. Ele foi ouvido como testemunha do caso. As investigações apontam que, após ser derrotado nas urnas, Bolsonaro e seus aliados discutiram a publicação de um decreto prevendo uma intervenção no Poder Judiciário.
No entendimento da PF, a existência daquele documento, somada aos indícios de que a elaboração dele envolveu Bolsonaro, assessores e militares da ativa, demonstram que os investigados de fato arquitetaram um plano golpista e buscaram fundamentação jurídica para legitimar a iniciativa.
As investigações demonstraram ainda que o então comandante do Exército era abastecido por informações sobre o plano golpista pelo tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência.
Segundo as apurações, Freire não teria aderido à ideia de golpe militar e chegou a ser chamado de “cagão” pelo então ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro à reeleição.
As informações sobre os planos de tentativa de golpe vieram à tona após a PF deflagrar a Operação “Tempus Veritatis”, em 8 de fevereiro. Desde então, mais de 20 pessoas já foram ouvidas sobre o caso. O próprio Bolsonaro foi convocado a prestar depoimento, mas optou por ficar em silêncio.