Em novo depoimento, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro fala por mais de 9 horas à PF
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou um novo depoimento à Polícia Federal (PF), na última segunda-feira (11), no âmbito do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil.
A oitiva com Mauro Cid durou mais de 9 horas. O militar começou a ser ouvido pelos policiais por volta das 15 horas e encerrou seu depoimento pouco depois da meia-noite desta terça-feira (12).
Mauro Cid é considerado colaborador das investigações sobre a eventual participação de Bolsonaro, ex-ministros de Estado e militares em uma suposta tentativa de golpe após as eleições presidenciais de 2022.
Pelo menos até o momento, Cid não é investigado no caso. O tenente-coronel fechou um acordo de delação premiada com a PF, em setembro do ano passado, e desde então vem fornecendo informações que podem contribuir com as investigações.
Foi o sétimo depoimento de Mauro Cid à PF desde maio de 2023. Nos três primeiros, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro permaneceu em silêncio, mas nos quatro últimos falou por 2 horas, 10 horas, 12 horas e 9 horas, respectivamente.
Os investigadores buscam mais informações sobre a reunião ministerial promovida por Bolsonaro em julho de 2022, a três meses da eleição, na qual o então presidente teria instigado seus ministros a questionar o processo eleitoral.
A PF também pretendia colher informações sobre a suposta tratativa entre Cid e Rafael Martins de Oliveira, major das Forças Especiais do Exército, a respeito do pagamento de R$ 100 mil. De acordo com a investigação, o dinheiro seria usado para financiar despesas de manifestantes em Brasília que teriam participado do 8 de Janeiro de 2023.
Segundo as apurações da PF, militares da ativa e integrantes do governo Bolsonaro deram “suporte material e financeiro para que as manifestações antidemocráticas permanecessem mobilizadas, visando garantir uma falsa sensação de apoio popular à tentativa de golpe”.
A PF também apura os desdobramentos da delação sobre as reuniões que trataram da “minuta do golpe”. Mensagens obtidas pela PF, de Cid para Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, indicam que o ex-presidente teria mexido no texto do suposto decreto.
Segundo as investigações, inicialmente o texto previa a realização de novas eleições e a prisão dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Bolsonaro teria mexido no texto e deixado apenas Moraes na lista de presos.